Prefeito Backes não mede esforços para melhoria de Marechal Cândido Rondon


Em Marechal Cândido Rondon o prefeito Adriano Backes (PP), que há poucos meses prometia diálogo e gestão participativa, agora opta pela via autoridade uma tentativa clara de barrar a vontade popular.

A ordem é direta e sem sutilezas: derrubar o Projeto de Lei de Iniciativa Popular (PLIP) 1/2025, assinado por cerca de 5 mil cidadãos rondonenses, que proíbe o Município, pelos próximos quatro anos, de doar ou ceder áreas para a construção de um presídio.

O projeto nasceu do clamor popular contra a ideia de instalar uma penitenciária estadual na cidade.

Mas o prefeito parece ter escolhido um lado, e não foi o do povo.

Jogo de cadeiras e o tabuleiro do poder

Backes exonerou dois secretários de seu próprio governo, Marciane Specht (União Brasil), da Saúde, e Marciel Escher (Republicanos), da Agricultura, para que retornem à Câmara Municipal e reforcem sua tropa de choque contra o projeto. No lugar deles, os suplentes Rodrigo “Verde” Pulga e Cristiano “Suko” Metzner deixam o plenário pois deixaram claro que não iriam contra a vontade popular e Backes não poderia contar com eles nesse pleito então foram sacrificados em nome da lealdade ao povo.

A jogada foi publicada em edição extra do Diário Oficial, o que demonstra a pressa ou o desespero do prefeito em garantir maioria na votação decisiva da próxima segunda-feira (20). Segundo fontes próximas do Legislativo, o recado foi dado: quem não votar contra o projeto está convidado a deixar o governo.

A democracia, pelo visto, virou apenas um detalhe incômodo no script político de Backes.

O prefeito do presídio

A insistência do prefeito em remar contra a maré popular já lhe rendeu um novo título nos bastidores da cidade: “O Prefeito do Presídio”.

E, convenhamos, não é exatamente o tipo de apelido que um gestor sonha em carregar.

Mesmo depois de a Câmara ter aprovado o projeto em primeira votação no dia 13 de outubro, com ampla maioria e apoio de nove vereadores, Backes parece determinado a desafiar a população e transformar um gesto de resistência popular em uma queda de braço política.

É uma aposta alta e perigosa.

Ao tentar vencer no voto dentro da Câmara, o prefeito corre o risco de perder de forma irreversível no tribunal da opinião pública.

Quando o governo vira o próprio fogo

A ironia é que, ao manobrar para barrar o projeto, Backes coloca seus próprios aliados na fogueira.

Marciane e Maciel, até então secretários de confiança, retornam ao Legislativo para cumprir uma missão política ingrata: votar contra um projeto popular que representa o desejo explícito da comunidade.

O governo, que já cambaleava em crises de imagem e enfrentamentos internos, parece agora testar os limites do bom senso.

O que deveria ser uma administração voltada ao diálogo com a sociedade tornou-se um campo de guerra pessoal, onde quem ousa discordar é afastado, substituído ou descartado.

A derrota que pode virar vitória mas não para o prefeito

Backes já acumulou reveses recentes, como a tentativa frustrada de afastar a vereadora Tânia Maion, que emergiu como uma das principais vozes críticas à atual gestão.

E, ao que tudo indica, o novo embate deve fortalecê-la ainda mais.

Mesmo que o prefeito consiga, numericamente, barrar o projeto, o custo político será devastador.

A população que se mobilizou, assinou e acompanhou cada passo dessa iniciativa não esquecerá quem votou contra o que ela defendeu.

E quando a próxima eleição chegar, talvez o prefeito perceba que nenhum voto de gabinete é capaz de calar o eco de 5 mil assinaturas.

O recado que o povo tenta dar

O PLIP 1/2025 não é um capricho.

Ele representa o esforço coletivo de uma comunidade que, de forma democrática e organizada, disse “não” à construção de um presídio em sua cidade.

O texto não impede soluções alternativas permite, inclusive, a criação de uma Delegacia Cidadã, moderna e adequada, para substituição da cadeia atual, localizada no centro.

Em outras palavras, o projeto não fecha portas. Apenas impede que o Município se transforme em depósito de detentos, em vez de investir em políticas de segurança pública e reestruturação carcerária planejada.

O peso do poder

Quando o prefeito usa o cargo para desafiar a vontade popular, o poder deixa de representar o povo e passa a servi-lo de escudo.

Adriano Backes ainda pode ouvir mas prefere impor.

E, se continuar assim, talvez descubra que o verdadeiro cárcere não é o presídio que tenta trazer à cidade, mas a prisão política que constrói para si mesmo.

Um documento de 29 de abril de 2024 mostra que Backes, Vanderlei Sauer e Claudinho Kohler foram os autores do requerimento que abriu caminho para o presídio.

O que era vendido como “modernização da segurança pública” hoje simboliza traição política e desprezo pela voz popular.

Votaram a favor do projeto (contra a doação de área para presídio):

Gordinho do Suco

Iloir Padeiro

Juca

Juliano Oliveira

Rafael Heinrich

Sargento Spohr

Cristiano “Suko” Metzner

Tânia Maion

Rodrigo “Verde” Pulga

Votou contra o projeto:

Fernando Nègre

Abstiveram-se:

Carlinhos Silva

Coronel Welyngton

As informações apresentadas nesta reportagem foram obtidas a partir de fontes oficiais dos portais de transparência da prefeitura e câmara de Marechal Cândido Rondon.

Os dados podem ser consultados publicamente pelos cidadãos através dos seguintes endereços: www.marechalcandidorondon.pr.leg.br e marechalcandidorondon.atende.net.

O Toledo Urgente reforça seu compromisso com a apuração rigorosa dos fatos e com o acesso irrestrito à informação pública.

Fonte: Portal Rondon.

Foto: Portal Rondon.