A parábola da viúva e do juiz, encontrada no Evangelho de Lucas (Lc 18, 01-08), é uma catequese sobre a perseverança na oração e a confiança em Deus, mesmo diante das dificuldades e aparentes demoras.
Essa história simples e profunda nos chama a refletir sobre a oração como um meio de nos mantermos firmes na fé, e sobre a relação entre Deus e os fiéis, que, muitas vezes, se sentem abandonados ou ignorados pela vida, mas que nunca estão distantes da misericórdia de Deus.
O primeiro ensinamento que Jesus nos dá através da parábola é a necessidade de perseverar na oração.
A viúva, em sua situação de total fragilidade, não tem nada além do seu grito por justiça.
Ela não desiste, mesmo quando encontra resistência no juiz, que é descrito como alguém sem temor de Deus e sem compaixão pelas necessidades dos outros.
Essa persistência da viúva é comparada à nossa própria necessidade de perseverar na oração, mesmo diante das aparentes demoras de Deus.
O tempo é de Deus e devemos esperar pacientemente.
A oração é um meio de nos unirmos à sua vontade e de renovar nossa confiança em sua providência.
A oração constante é um exercício espiritual que exige disciplina, paciência e uma verdadeira confiança no amor de Deus.
Como diz Santo Tomás de Aquino, “a oração é necessária não para que Deus conheça as nossas necessidades, mas para que nós tomemos consciência da necessidade de recorrer a Deus”.
Ao rezar não apenas apresentamos nossos pedidos, mas também reconhecemos nossa dependência d’Ele, nossa fragilidade humana e nossa capacidade limitada de resolver os problemas que nos cercam.
Além disso, a oração não deve ser apenas um momento de fala, mas também de escuta.
Precisamos aprender a fazer silêncio diante de Deus, acolher a Sua Palavra e deixar que ela nos transforme.
Em um mundo cada vez mais agitado e barulhento, a oração se torna um espaço sagrado para silenciar e ouvir, para perceber os sinais de Deus em nossa vida e responder com generosidade e fé.
Para os discípulos de Cristo, a oração constante tem uma dimensão missionária.
Jesus ensina a importância da oração pessoal e reafirma como ela é essencial para a missão da Igreja.
A oração sustenta o testemunho cristão, e é através da oração que nos conectamos com a vontade de Deus e nos fortalecemos para cumprir a missão de anunciar o Evangelho.
“Ide pelo mundo, pregai o Evangelho a toda criatura”, (Mc 16, 15), é o mandato de Cristo, e a oração é o combustível que nos permite perseverar nessa missão, principalmente diante de dificuldades e perseguições.
A oração alimenta a nossa fé.
A fé não nasce e cresce sem a prática da oração.
A oração nos conecta com o amor de Deus, com a sua verdade e nos capacita a viver de maneira corajosa e fiel.
Ela nos ajuda a ver além das dificuldades do presente, a confiar nas promessas de Deus e a buscar a verdadeira felicidade, que está em fazer a Sua vontade.
A oração não é apenas um pedido, mas uma atitude de confiança e entrega. Ela nos leva a uma maior união com Deus, nos transforma, nos fortalece e nos prepara para a missão.
Como a viúva, somos chamados a clamar pela justiça de Deus, a interceder pelos outros e a nunca desistir.
A oração constante é um convite para nos tornarmos mais semelhantes a Cristo, em Sua dependência do Pai, em Sua confiança, e em Sua perseverança até o fim.
Neste Dia Mundial das Missões renovemos a fé de missionários de esperança entre os povos para que sejamos semelhantes a Cristo, solidário com todos, especialmente com os mais pobres.
Ajudemos as missões com nossa oferta generosa.
Dom João Carlos Seneme, css
Bispo de Toledo
Fonte: Toledo News
Foto: Toledo News
