Há exato um ano, em 9 de agosto de 2024, o avião ATR-72 que realizava o voo 2283 da Voepass caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo. Ao todo, 62 pessoas morreram diante de diversas câmeras que registravam a aeronave cair em um parafuso chato, movimento praticamente irrecuperável de um avião.
Desde então, muita coisa aconteceu: familiares das vítimas continuam lutando na justiça pelos seus direitos, e revelações sobre o funcionamento da empresa vieram à tona após investigações por órgãos federais.
Relembre a cronologia dessa tragédia e o que aconteceu durante este primeiro ano após a queda.
Na tarde daquele 9 de agosto de 2024, o avião de matrícula PS-VPB da Voepass partiu do Aeroporto de Cascavel (PR) rumo a Guarulhos (SP). Era um voo regular, com 58 passageiros e quatro tripulantes, todos com habilitações em dia e experiência comprovada no modelo, incluindo treinamento para operações em condições de gelo.
A aeronave, fabricada em 2010 e incorporada à frota da Voepass em 2022, decolou às 11h58 (hora local). No início da subida, os sistemas de proteção contra gelo foram ativados, após alerta emitido pelo detector eletrônico instalado na asa esquerda.
Ao longo do cruzeiro, o alerta acendeu e apagou várias vezes. A tripulação comentou sobre "bastante gelo" e chegou a lidar com uma mensagem de falha no sistema de degelo.
Nos minutos finais do voo, começaram a surgir alertas críticos no painel: "Cruise Speed Low" (Velocidade de cruzeiro baixa), "Degraded Performance" (Desempenho degradado) e "Increase Speed" (Aumentar velocidade), o que revela que havia um problema sério para manter o avião voando como deveria.
A velocidade indicada nos instrumentos caiu, a aeronave começou a vibrar e entrou em atitude anormal de voo. Em segundos, passou para uma condição de perda de sustentação (stall) e entrou em "parafuso chato", uma rotação plana em torno do próprio eixo, cuja recuperação é praticamente impossível a baixa altitude.
Às 13h22, o avião caiu em uma área residencial de Vinhedo (SP), a cerca de 70 km de distância do aeroporto de Guarulhos. Não houve sobreviventes, e o impacto gerou um incêndio pós-colisão que destruiu boa parte da fuselagem.