Proprietário de fazenda onde indígenas foram espancados no MS é filho de presidente de cooperativa paranaense



Dono da Fazenda Maringá é filho de Valter Pitol, fundador e presidente da Copacol, uma das 100 maiores empresas do agronegócio brasileiro; antropóloga e jornalista canadense foram torturados por pistoleiros durante cobertura de ataque à retomada Pyelito Kue


Por Tonsk Fialho e Carolina Bataier


 A Assembleia Geral do Povo Kaiowá e Guarani, realizada entre 22 e 26 de novembro, foi marcada pela denúncia de novas violações de direitos humanos contra indígenas no Mato Grosso do Sul, após a tentativa de retomada do território tradicional de Pyelito Kue, no município de Iguatemi, próximo à fronteira com o Paraguai.

Em 17 de novembro, membros dessa comunidade retomaram uma parcela da Fazenda Maringá, um imóvel de 424 hectares inteiramente sobreposto à área delimitada para a criação da Terra Indígena (TI) Iguatemipeguá I. No dia seguinte, o grupo foi cercado por jagunços, que realizaram disparos contra a retomada, obrigando os indígenas a se refugiarem na mata. “Eles ficaram ilhados de três a quatro dias nessa situação, com fome e sem acesso à água”, aponta Matias Benno Rempel, integrante do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Ao tomar conhecimento do cerco, a antropóloga e cineasta Ana Carolina Mira Porto e o jornalista canadense Renaud Philippe, que realizavam a cobertura da assembleia, se dirigiram até Iguatemi, mas foram impedidos de chegar à área da retomada. Ainda na estrada, o casal foi abordado por homens encapuzados. Os dois foram torturados e tiveram seus equipamentos roubados. O caso ganhou repercussão imediata e foi exibido no Jornal Nacional, da Rede Globo.

A partir das bases de dados fundiários do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), De Olho nos Ruralistas identificou a titularidade da Fazenda Maringá, palco dos ataques recentes contra os Guarani Kaiowá.

O imóvel está registrado em nome do cardiologista Ranieli Pitol. Residente em Cascavel (PR), ele é filho de Valter Pitol, diretor-presidente e um dos fundadores da Cooperativa Agroindustrial Consolata (Copacol), uma das 100 maiores empresas do agronegócio brasileiro, de acordo com a revista Forbes. Com mais de 7 mil cooperados, o grupo registrou faturamento de R$ 9,2 bilhões em 2022.

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