Inspeção da Energisa em casa no bairro Iracy Coelho identificou fraude em medidor de energia que reduziu o valor da conta de R$ 300,00 para apenas R$ 30,00 em dois anos. Houve consumo normal, segundo dados da empresa, entre abril de 2014 até junho de 2020. Tal consumo equivalia a 250 kWh, depois disso, baixou para 200 kWh, 150 kWh, 80 kWh até que nos últimos meses, pouco antes de a empresa ter identificado as irregularidades, o consumo ficou zerado, isso entre fevereiro e julho de 2023.
Conforme a concessionária, inspeção em julho deste ano no relógio de energia da casa identificou que a engrenagem do medidor estava travada e com o lacre do aferidor rompido. No mês seguinte à constatação de fraude, conta no valor de R$ 781,00 chegou na casa, além de cobrança por valores devidos de R$ 14,1 mil.
O dono da casa, que tem 60 anos, falou com o Campo Grande News e nega veementemente que tenha feito qualquer ação para fraudar as medições. “Eu moro lá há anos. Quando percebi que a conta estava diminuindo achei que tinha baixado o consumo mesmo. Ou que eles (empresa) tinham entendido que eu tinha consumo social. Achei que fosse algo normal”, relatou.
Em audiência de conciliação prevista para hoje, o idoso disse que ia se defender e querer saber de fato quem fraudou o medidor. “Não fui eu, mas eles falam que foi alguém. Quem? Eu também posso achar que eles estão me cobrando a mais”, defendeu-se.
Quando recebeu as notificações, o homem procurou a concessionária para questioná-las e foi orientado a procurar o setor jurídico que funciona no Cijus (Centro Integrado de Justiça), na Rua Calógeras. Lá, ele abriu um processo na 2ª Vara do Juizado Especial Central por cobrança retroativa. Ele pediu o cancelamento das cobranças e o não corte de energia.
Para a Energisa, entretanto, “qual interesse teria um terceiro, em promover a irregularidade na forma de ligação de fornecimento? Sem qualquer benefício a este? Sendo que o único a se beneficiar é o requerente, que deixou de pagar pelo que efetivamente consumiu de energia?”, questionou a empresa na contestação da demanda.
A defesa da empresa relata ainda que “aliás, pela precisão da irregularidade – com indisfarçável intuito de minorar irregularmente os valores a serem pagos, conclui-se que a ação é indubitavelmente oriunda de ação humana”.
A moradia está com a energia cortada desde o final de outubro e a situação já dura pelo menos três semanas. O idoso mora com a esposa e uma filha e diz que emprestou uma extensão do vizinho que é como ele mantém a geladeira e outros eletrodomésticos funcionando.
Em decisão preliminar, em setembro deste ano, o juiz havia determinado que a energia não fosse cortada, entretanto, para que isso não ocorresse, o homem deveria depositar em juízo “o valor integral do débito em discussão nesta Ação, ou seja, R$14.125,06”. O idoso pagou a conta de R$ 781, referente ao consumo de agosto, mas sem pagar os R$ 14 mil, teve a luz efetivamente suspensa.
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